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- OS -

idolatrados

ídolo (s.m.)

(gr. eídom, imagem; simulacro, de eidos, forma).
1 Figura, estátua que representa uma divindade que se adora.
2 Fig. Pessoa pela qual se tributam louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente.

3 Personalidade que desfruta de grande popularidade (artistas populares, esportistas e etc.).

fenômeno

Negar a idolatria é negar a humanidade. Idolatrar é uma ação que sempre esteve presente em todos os contextos históricos, em todo desenvolvimento do ser humano desde o paleolítico até os grandes impérios e grandes indústrias. É inato, mesmo que de forma inconsciente e completamente involuntária.

 

A sociedade grega é tida como um marco na evolução civilizatória e foi lá que a ‘idolatria’ foi identificada e citada pela primeira vez. O Eidolon traduz ídolo como um ‘aspecto, imagem mental, fantasma ou aparição’ e também como ‘imagem material, uma estátua’. Pressupõe-se então que o ídolo surgiu do humano, pois sua etimologia, de acordo com o apresentado, parte da mente ou de uma matéria inanimada.

 

Desde então, o fenômeno da adoração, paixão, do amor excessivo e da veneração, se um desejo insaciável das sociedades, sendo objeto de estudo para pensadores e a primeira maneira identificada pelo homem para manobrar interesses e o pensamento coletivo, desde a figura de Jesus Cristo até os super-heróis de desenhos animados que se tornam inspiração e figuram os sonhos de muitos.

 

A religião foi o primeiro meio a fazer uso da adoração. A Bíblia Sagrada do catolicismo trata da idolatria ainda no antigo testamento, dentro do livro Êxodo, como uma forma de profanar a palavra de Deus. A idolatria a uma imagem diferente do Criador é um pecado.

 

“A idolatria ofende Deus. Tudo aquilo que toma o lugar de Deus em nossas vidas é idolatria. Só Deus merece adoração. O segundo mandamento proíbe a idolatria”, Deuterônimo 5:8-10.

 

No primeiro testamento, Deus teria dito que ‘não terás outro Deus diante de mim’ e na reescrita dos dez mandamentos a ordem divina foi englobada pelo segundo versículo, que indica ‘não usar o nome de Deus em vão’.

 

NO CAMPO DA FILOSOFIA, IDOLATRAR É UMA RAIZ HUMANA

A prática da idolatria é negada pelos dogmas da igreja usando a ferramenta da própria idolatria, e idolatrar é uma das naturezas humanas mais poderosas, segundo a filosofia. Um dos pensadores mais aclamados da contemporaneidade, Nietzsche é ofensivo à religião e as crenças de ídolos em sua obra ‘Gaia Ciência’.

 

Nietzsche propões Deus como um ser mortal para mostrar que este foi criação da própria humanidade, e acaba atribuindo a sua morte pelos próprios seres humanos que se tornaram incapazes de pensar mais além do plano metafísico, visto que Deus seria uma criação que desvaloriza a espécie.

 

O paralelo traçado por Nietzsche é simples. A religião é um homem que procura a Deus com uma lanterna em um dia ensolarado; mas este homem percebe que chega cedo demais e não suporta o fato de não ter nada o que adorar na ausência de Deus, colocando as igrejas como mausoléus túmulos de Deus.

 

Mas o que causaria a morte do Deus para Nietzsche? Entre tantos aspectos, o principal seria o fim da dicotomia e esta é justamente a base da idolatria no campo político.

 

NO BRASIL, A IDOLATRIA CAUSA UMA VISÃO BINÁRIA DA POLÍTICA

 

A dicotomia é capaz de criar muros. A sociedade murada no Brasil tem um retrato claro e famoso, com a Esplanada dos Ministérios tomada por manifestantes azuis e vermelhos divididos por um muro de aço durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

 

A polarização é uma das causas naturais da idolatria. Em nosso país, se posicionar e impostar uma opinião se tornou algo muito complexo, onde uma visão de mundo é capaz de ditar amizades, relações e conversas, tomando um caminho pavoroso de mediocridade. A visão dualista permite enxergar um mundo que pensa igual a nós (pessoas do bem) e  um mundo que pensa diferente de nós (pessoas do mal).

 

“Aos amigos tudo, aos inimigos o rigor implacável da lei”, disse Getúlio Vargas, uma das figuras de estudo desse site. A frase do ex-presidente parece ter viajado do passado para este ano de tão adequada que ela se tornou em meio a este momento de efervescência entre siglas nunca tão opositoras e candidatos que defendem um totalitarismo, seja para a esquerda ou para a direita.

 

Enxergar dois caminhos para tudo e assim classifica-los é um pensamento de criança, que quando levado até a vida adulta caracteriza um egocentrismo poderoso. Esse egocentrismo tem levado o país ao desgoverno, ao afundamento em uma crise econômica e a retirada gradual de direitos conquistados pela população.

 

Da mesma maneira que Nietzsche nega o ateu como um descrente em Deus, visto que este já aceita a ideia de Deus somente por negá-lo, a idolatria só terá um fim a partir do momento em que o muro for visto como inexistente e o diálogo prevaleça. Em junho de 2013, momento simbólico onde a população foi às ruas contra a corrupção, só uma coisa foi esquecida: os tantos anos imersos no futebol nos fizeram seres distantes do fazer política.

 

O ser totalitário ceifa qualquer lado da história, seja o azul ou o vermelho; seja o de Bolsonaro ou de Lula; seja o do tecnocrata, que acredita que a participação popular seja prejudicial a gestão, ou seja do político, que acredita que a gestão inibe a participação popular.

 

Mas afinal, dê-se a César o que é de César!

 

Os caminhos da idolatria política no Brasil foram reaquecidos no momento em que a nação está mais ativa politicamente falando, levando a discussão às ruas e dentro de suas casas, mas ninguém disse que este momento está sendo bem aproveitado. Até a escritora erótica Erika Leonard percebeu uma simples coisa que o brasileiro faz questão de deixar de lado: entre o preto e o branco existem pelo menos 50 tons de cinza.

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