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Figura polêmica como os alguns líderes abordados no nosso site, Fidel Castro liderou a Revolução Cubana se tornado por muito tempo o inimigo número um da potência Estados Unidos. Duras consequências ocorreram na trajetória do comandante, inclusive três anos de exílio no México. Mas como o guerrilheiro revolucionário conseguiu ser odiado por grandes nações e ao mesmo tempo idolatrado pelo povo cubano?

 

O historiador Jones Manoel, argumentou essa questão. Para ele, Fidel foi figura central do processo chamado segunda libertação, ou seja, a posição dos países em serem livres do colonialismo. “Fidel foi o grande símbolo, o grande líder dessa segunda libertação, esse processo revolucionário socialista que completa o processo de independência de formação da nação e que em seu movimento combate o imperialismo e combate à classe dominante interna dos países”.

 

O advogado e Presidente Municipal do PT de Paulista, Luciano Morais, definiu Fidel como um do povo, ou seja, alguém que conviveu de perto e buscava mudar a realidade política e social do país. “A identificação do povo cubano com um líder político como Fidel Castro, é primeiramente pela resistência que ele exerceu em relação a esse tipo de tratamento dos Eua com Cuba. Segundo porque via nele uma grande representação, ou seja, um representante legítimo do povo cubano e altamente qualificado, tanto do ponto de vista político e organizacional, baseado na revolução, quanto o povo de vista intelectual”.

 

O líder revolucionário que emerge no ano de 1959. Marchando no movimento 26 de Julho, ao lado de Che Guevara, do irmão Raúl Castro e de Camilo Cienfuego, que tinha como objetivo maior derrubar o então Presidente Fulgencio Batista acusado de corrupção e subserviência ao imperialismo americano, Castro estava obstinado e confrontar os adversários e devolver o orgulho de Cuba aos cubanos. Muito provavelmente foi nesse contexto político que surgiu o fenômeno da idolatria do povo de Cuba.

 

Jones caracteriza essa reciprocidade muito mais como uma relação de amor e admiração do que de idolatria. “É uma relação de admiração, é uma relação de amor, mas nunca foi uma relação acrítica. Veja, Fidel Castro nunca  deixou de ouvir críticas, de ouvir questionamentos, reclamações, de sofrer resistência para tomar as medidas que ele propôs. O xis da questão é que a sintonia entre o líder e as massas nunca foi quebrada porque Fidel Castro sempre foi um líder político que se colocou como intérprete dos anseios da massa”

Na opinião de Morais, o surgimento de lideranças idolatradas acontece em momentos adversos da nação, sobretudo nos crescentes índices da pobreza. “Tudo depende de uma conjunção de fatores, que é muito delicado, é muito sensível a linha que divide o período propício pra o surgimento de uma liderança revolucionária, da mesma forma que faz surgir dali uma liderança autoritária e fascista como a gente está vendo no Brasil hoje”.

 

E completa explicando o porque de Fidel permanecer por tanto tempo no poder. Moraes acredita que ele se colocava como um legítimo representante da sociedade cubana: “Cuba nada mais era do que um quintal para os Estados Unidos com muita prostituição, casinos, enquanto o povo vivia na pobreza. Então a identificação do povo cubano com um líder político como Fidel Castro, é primeiramente pela resistência que ele exerceu em relação a esse tipo de tratamento dos Estados Unidos com Cuba. Segundo porque via nele uma grande representação, ou seja, um representante legítimo do povo cubano e altamente qualificado, tanto do ponto de vista político e organizacional, baseado na revolução, quanto o povo de vista intelectual”.

 

Por motivos de uma grave doença intestinal, Fidel renunciou na noite de 31 de julho de 2006 ao cargo de presidente do seu país, entregando ao seu irmão Raúl Castro, a responsabilidade de comandar o governo. Em seu primeiro discurso, de tom mais ameno que Fidel, o irmão mais novo prometeu melhorar a economia e reduzir a estrutura do Estado. Surgia ali uma nova forma de governo, respeitando os ideais comunistas, mas abrindo caminhos para a contemporaneidade do mundo de modo diplomático.

 

Se foi amado, idolatrado, odiado ou execrado, essa análise cabe em diversas interpretações, por diversos prismas e universos políticos ideológicos. O que sabemos e temos convicção é que de fato Fidel Alejandro Castro Ruz será para sempre lembrado como uma forte e emblemática liderança da esquerda mundial marcou milhares de gerações, propiciando uma experiência única na geopolítica.

 

Em 25 de novembro de 2016, aos 90 anos, o revolucionário se despede da terra e deixa todos os cubanos órfãos da liderança mais amada do país.

"Devo, em breve, cumprir 90 anos, eu nunca teria pensado em tal ideia e isso nunca foi o resultado de um esforço, foi capricho da sorte. Logo serei, já como todos os demais. A todos nós chegará nossa vez, mas ficaram as idéias dos comunistas cubanos como prova de que neste planeta, se você trabalha com fervor e dignidade, é possível produzir os bens materiais e culturais que os seres humanos necessitam, e nós devemos lutar incansavelmente para obtê-los. Para nossos irmãos da América Latina e do mundo, devemos transmitir que o povo cubano vencerá." 

 

Último discurso de Fidel Castro, no encerramento do VII Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC), abril de 2016.

Fidel Castro - Almir Cunha
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Por Almir Cunha

Almir Cunha estuda Jornalismo e é um mangueboy  fervoroso, entusiasta da cultura pernambucana, de política e de cerveja.

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